domingo, 4 de abril de 2010

Adoração é render-se

Render-se a alguém ou a alguma circunstância da vida aparentemente não parece uma atitude digna para um ser humano comum. A rendição, em príncipio, demonstra uma postura, convarde, praticada por alguém incapaz de resolver uma situação desfavorável. Em guerras, a rendição, de uma das partes do conflito, quase sempre é considerada uma grande humilhação para quem se submete.

Portanto, com todo este cenário, como uma atitude tão degradante pode ser benéfica para alguém? A resposta para esta pergunta está no alvo da nossa rendição. A adoração a Deus requer essencialmente um passo de rendição a Ele. Tal passo nos conduzirá a nível de relacionamento tão intenso com o nosso Senhor que produzirá consequências extraordinárias em todos os aspectos de nossa vida. Vejamos como este processo pode ser desenvolvido em nossas vidas:

Primeiro teremos que compreender que a rendição a Deus é um ato de confiança e obediência. O apóstolo Pedro demonstrou extrema obediência e confiança ao Mestre no episódio da pescaria no lago Genesaré (Lc. 5: 1-6). Existem momentos como esse em que nosso estado de rendição nos garante conforto e segurança pelo resultado que esperamos de Deus. Pedro poderia simplesmente não aceitar a proposta do mestre, visto que sua grande experiência lhe dizia que não seria possível pescar mais peixes naquele lugar.

Esta passagem de Pedro também nos ensina que a rendição nos tira do foco. Saimos de cena, e Deus assume o controle da situação. O salmista diz: Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele e tudo fará. A rendição é uma prática de humildade.

Jesus no Getsemani rendeu-se completamente ao Senhor, dizendo: “... Pai, tudo Te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que Eu quero, e sim o que Tu queres.” (Mc. 14:36). Esta passagem nos ensina uma profunda dependência de Deus. Obedecer a Deus requer de nós maturidade espiritual para entender que as circunstâncias passadas (boas ou ruins) servirão para a efetivação do propósito de Deus para a nossas vidas.

Nossa rendição também proclama a superioridade do Deus vivo, reconhecendo nossa inferioridade e nos colocando a total disposição para o seus serviços. O reconhecimento pleno da majestade e poderio do Senhor é vital para nossa relação com Ele. Somente com uma postura de submissão ao Seus mandamentos, poderemos atingir um patamar de santidade que Ele deseja.

Este ato de adoração é tão relevante que o próprio Satanás o desejou em relação a Jesus no deserto. O inimigo de nossas almas tentou o Mestre para que, Este, se rendesse aos seus pés, demonstrando sua superioridade ao Filho de Deus. Contudo, o próprio Cristo o refutou, entendendo exatamente a importância do que isso significaria ao Seu ministério. “Ao Senhor, teu Deus adorarás e somente a Ele prestarás culto” (Mt. 4:10)

Render-se a Deus não significa que seremos marionetes do Criador, que Ele a partir de então tomará as atitudes que deveríamos tomar. Pelo contrário, Ele nos capacitou com inteligência, razão e emoções, somos a obra-prima de Sua criação, para que essas capacidades fossem colocadas ao Seu serviço (Rm 12:1).

O grande escritor C.S. Lewis disse uma vez: “Quanto mais deixamos que Deus assuma o controle sobre nós, mais autênticos nos tornamos”. Esta visão nos ensina que a rendição é também um ato de sabedoria, pois somente seres dotados de sabedoria seriam capazes de concluir que somente o Criador conhece exatamente a criatura, melhor do que ela própria se conhece. Então nos rendamos ao Nosso Criador!

Luiz Leão

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